Dividir é muitas vezes somar

Dezembro chegou e com ele as lembranças de infância.
As comemorações do aniversário tão aguardado o ano inteiro.
Comemorações que na ingenuidade do ego infantil sempre sonhei serem só pra mim. Festa com todos os presentes desejados, roupa e sapatos novos, amiguinhos pra soprar as velinhas, bolas de bechiga penduradas pelas paredes, docinhos e um bolo decorado.
Naquela época achava que quem dividia a data era eu, me parecia injusto ter o bolo decorado metade azul e metade rosa.
Hoje sei que quem dividiu comigo a data foi meu pai Waldomiro, por todos os anos que convivemos. Agora sei que dividir é muitas vezes somar...
E o natal, chegava logo...
A árvore de galho de goiabeira, decorada com algodão e bolinhas coloridas de vidro.
Sapatos lado a lado o par, na esperança do papai noel deixar o brinquedo almejado.
Qual não era a decepção do dia seguinte, quando encontrava bechigas, corte de tecido, roupas feitas de retalho pela minha mamãe noel e às vezes jogo de varetas, mico e jogo de panelinhas.
Mas no fundo eu gostava, gostava mesmo...
Era mágico acreditar que papai noel existia, assim como minha filha, tentei muitas vezes pegá-lo no pulo.
Por várias vezes me rebelei, justificava que não tinha sido ruim e até questionava por que sempre o que eu não tinha pedido.
Ah!!! O almoço do dia 25, a família reunida, irmãos, cunhadas, sobrinhos e sobrinhas, quantas lembranças do frango feito na panela de ferro, que delícia!!!! Hoje quando fecho os olhos sou capaz de sentir aquele sabor e salivar por ele.
Dezembro ... hoje já não divido meu dia e o natal não é igual , posso ter o que meu sonho real me permite.
No fundo no fundo eu gosto, não do jeito que gostava... De um jeito adulto...