Carente ou desvaforecido?

Se todos nós somos carentes, mesmo que não aceitemos a idéia perante os outros, por que fazer da "carência" alheia uma bandeira em prol de si mesmo. Não é de hoje que o termo é utilizado como bandeira política e social; crianças carentes, adolescentes carentes, famílias carentes, idosos carentes e outros carentes denominados por aqueles que se julgam não carentes.
Esta é a era da "carência".
Afinal, se não carecessem da carência do outro como levantar a bandeira e se fazerem notados e benevolentes?
É uma bandeira que certamente atrai adeptos, pois há dois lados, os que querem se fazerem caridosos e solidários os olhos dos outros e os que esperam que algo seja feito.
Assim podemos dizer que existe dois lados que se completam e se nutrem numa relação de interdependência.
Então por que usar o termo "carência", para uma relação de "favorecidos e desfavorecidos", talvez seja pra não se admitir a própria necessidade da existência da carência alheia para se fazer necessário, também para camuflar que o desfavorecimento dos outros alimenta o favorecimento de poucos.
Sejamos honestos, não existe carência só nos desfavorecidos, então passemos a utilizar um termo mais adquado, deixemos de lado o carente para assunirmos o desfavorecido.